CARTA ABERTA A TODOS OS LUTADORES DO POVO

ESTADO E LATIFUNDIÁRIOS ASSASSINAM MAIS UM CAMPONÊS EM RONDÔNIA

No dia 09 de abril de tombou sem vida mais um camponês em Rondônia. Renato Nathan Gonçalves Pereira, educador popular,  foi executado em Jacinópolis, região de Buritis. Dezenas de camponeses, estudantes, professores e população de Jaru prestaram solidariedade à família em seu enterro ocorrido na manhã de 11 de abril. Também se solidarizaram com os familiares, diversas organizações sociais e de classe, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT-RO), o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO), a Escola Popular, o Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR), a Associação Brasileira de Advogados do Povo (ABRAPO), estudantes e professores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e a imprensa popular e democrática.

FALSAS E VELHAS ACUSAÇÕES
Renato Nathan Gonçalves foi morto em circunstâncias no mínimo suspeitas. A polícia tenta direcionar as investigações para dar outro foco, acusando-o de guerrilheiro. Quando supostamente a polícia foi acionada para registrar o homicídio, a mesma ao invés de se dirigir para capturar os criminosos passou a vasculhar a casa da vítima. Pelas informações colhidas por familiares, vizinhos e da cena do crime, observa-se que Renato foi abordado, encostou a moto, deixou a seta ligada, retirou o capacete e em seguida foi espancado e executado com três tiros à queima roupa na cabeça. Renato não encostaria sua moto em uma estrada vicinal deserta ao não ser que fosse abordado por patrulha policial.

De seus pertences, segundo boletim de ocorrência, não consta o celular da vitima. Contudo, algumas fotos divulgadas, segundo familiares, são de seu celular e foram disponibilizadas à imprensa por Ênedy Dias de Araújo, prova que o celular de Renato esteve ou está com a polícia, numa atitude que fere os direitos individuais do cida dão. A acusação de que na casa de Renato havia material de guerrilha é mentirosa. Na casa de Renato encontravam-se livros como os de Jorge Amado, Maquiavel e Sun Tzu, disponíveis em qualquer biblioteca universitária e livrarias, utilizados como leitura obrigatória em inúmeros cursos de graduação e pós-graduação. Sun Tzu, por exemplo, autor chinês de A arte da guerra, viveu entre 544 a.C. - 456 a.C. Nicolau Maquiavel (1469-1527), filósofo de Florença (Itália), escritor de O príncipe, é estudado em todos os cursos de graduação do Brasil, na disciplina de filosofia.

O camponês Renato, autodidata, estudioso desde jovem, aprendeu o ofício de topógrafo e utilizava seu trabalho para auxiliar os camponeses pobres de diversas áreas da região de Ariquemes, Jaru e Theobroma. Foi um dos principais organizadores da Escola Popular e integrou uma campanha de alfabetização de jovens e adultos na região. Também atuou em campanhas de fortalecimento da produção camponesa.
Ao encontrar instrumentos e anotações de trabalho (GPS, coordenadas geográficas, mapas, etc.) a polícia tenta associá-lo a uma fantasiosa ação guerrilheira, requentando as mesmas acusações realizadas em anos anteriores para criminalizar a luta pela terra. Um dos articuladores da campanha caluniosa é Ênedy Dias de Araújo, que já plantou outras informações na imprensa, acusando camponeses de serem guerrilheiros. Ênedy foi parte ativa na acusação em 2008 contra outros camponeses, Wenderson Francisco dos Santos e Joel Gomes da Silva. Levados a Júri Popular, Wenderson e Joel foram inocentados. À época, em depoimento no Júri, uma testemunha de acusação disse ter sido torturada por policiais para prestar depoimento que incriminavam os acusados.

ESTADO FASCISTA CRIMINALIZA E EXECUTA CAMPONÊS

A tentativa de vincular Renato Nathan Gonçalves Pereira a um confronto armado de acerto de contas entre fazendeiros, ocorrido dias antes de sua morte, sob o simples fato de este ser vizinho de um dos mortos, mostra como o Estado fascista age. No momento do conflito de fazendeiros que resultou em 6 mortes, dois destes eram agentes do Estado: um policial civil e um agente penitenciário que faziam a ‘segurança’ – leia-se pistolagem – de fazendeiros. Sobre este fato, a imprensa reacionária não faz questão de frisar. Como os dois agentes mortos do Estado, em Rondônia são comuns as práticas de pistolagem e tortura por parte de policiais.

A morte de Renato, segundo o apurado na região, foi executada por agentes do Estado. Tudo leva a crer que uma força tarefa orquestrada pela Polícia Militar e Civil de Ariquemes, Ouro Preto e Buritis, tendo Ênedy Dias de Araújo à frente, objetivou aproveitar o conflito entre fazendeiros, para criminalizar e executar indiscriminadamente camponeses na região de Buritis. A polícia, uniformizada ou à paisana, realiza abordagens e identificação de camponeses com toda truculência fascista de tratar trabalhadores como bandidos. O Estado fascista, através das suas forças de segurança, age como juiz e executor da pena de morte, assassinando indiscriminadamente camponeses e trabalhadores. Foi assim em 1995 em Corumbiara, em 1996 em Eldorado dos Carajás e a história se repete novamente em diversas regiões do Brasil.

Mas do que intimidar o Movimento Camponês, assassinatos como o de Renato, aguçam a revolta dos camponeses para destruir o velho estado burguês-latifundiário. Em uma homenagem realizada na data de seu enterro, na sede da Liga dos Camponeses Pobres, Renato foi lembrado pela contribuição e simplicidade de ajudar o povo pobre da região, mesmo não pertencendo à Liga dos Camponeses Pobres. Seu “sangue será uma semente, justiça vamos conquistar, a história não falha nós vamos ganhar!”, entoavam em alto e bom som os presentes, muitos com lágrimas e vozes trêmulas não só pela dor, mas pelo desejo de fazer justiça. Renato e tantos outros camponeses são assassinados indiscriminadamente no Brasil da gerência Dilma/PT/PMDB.

Renato Nathan Gonçalves Pereira, Presente!

Abaixo o Estado Burguês-Latifundiário!

Brasil, 14 de abril de 2012.

Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo – FRDDP

Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação – MOCLATE

Escola Popular

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