"É a mídia social, estúpidos!"

Por: Mara Paraguassu (Jornalista)

O reitor Januário Amaral e apoiadores não deram conta do tiro no pé que revela ser o conteúdo que transmitem na mídia tradicional, como a infeliz coletiva de imprensa dada pelo reitor no início da semana. Erram duas vezes: no discurso e na forma. 


Avaliando especialmente a entrevista do reitor, a escolha do discurso da polêmica e do confronto, nivelando os alunos em greve a bandidos do famigerado Urso Branco com apenas uma fotografia de encapuzado em mãos, resultou na ampliação da resistência. Os alunos continuam em greve e mantêm a Reitoria ocupada. E cresce o apoio de segmentos organizados aos estudantes e professores, em sentido contrário ao pretendido pelo reitor na entrevista, quando induziu as mães a retirar os bravos filhos de lá.


Agressivo, o reitor Januário não percebe, talvez por supor que a democracia a que tanto se apega seja seu eterno salvo conduto, de que nada adianta usar a plataforma tradicional de comunicação. A forma certeira e que verbaliza o real das ruas, a voz rouca que se sustenta na verdade e nas mais legítimas intenções de transformação, é a mídia social. E dela faz uso com muita competência o Comando de Greve da Unir.
Está lá, no Blog http://comandodegreveunir.blogspot.com/, atualizado diariamente, todos os passos e acontecimentos do movimento grevista que para muitos não passa mesmo de uma ofensiva de grupelho aparelhado na instituição de ensino para tomar o poder. Discurso preferido do reitor, a cada dia desmontado nas manifestações, como demonstram os mais de 190 vídeos postados no www.youtube.com, outra ferramenta exaustivamente usada.

É a mídia social que informa e mobiliza, concentrando-se no Facebook a liberdade plena de expressão, indo do puro xingamento aos trocadilhos e piadas com o repertório da crise há muito anunciada, humor próprio das redes sociais. Aliás, no humor é que residem as verdades mais verdadeiras.

A mídia tradicional, com as exceções de sempre, mascara, manipula e omite fatos de relevo. É o poder político e econômico que determina a informação veiculada. 


Partidos políticos


Os protestos em Wall Street e o ato anticorrupção no dia 12 de outubro em todo o Brasil foram convocados pelas redes sociais. Mas os partidos políticos ignoram a força de sua ação, o que se constitui, a meu ver, um perigo para sua sobrevivência enquanto instância de representação política nas democracias. Desmoralizados, os partidos em todo o mundo estão em crise, amplificada com a descoberta por parte crescente de pessoas de que nada servem para elas.

A mídia social dá fôlego e fortalece causas no território livre da Internet, gerando constrangimento e incômodo crescentes às instituições constituídas por pessoas apegadas ao clientelismo, à corrupção, a toda sorte de desmando, em desfavor de quem mais delas precisam. 

Sangra

Isso acaba por sangrar gente com o perfil de Januário, mas ele agüenta e não deixa o cargo a não ser para tirar férias. Não pilota, entretanto, uma nau firme. Por isso, ele e seus seguidores podem cair a qualquer momento. Parafraseando o marqueteiro do bem sucedido candidato Bill Clinton nas eleições presidenciais de 1992, “É a mídia social, estúpidos!” 

Apoio

Os professores e estudantes em greve ganharam apoio do Sindicato dos Médicos, da Saúde, do Núcleo de Consciência Negra e da Associação de Advogados Populares. É com estranheza – e aqui já me desculpo se estiver errada – não ter visto apoio do maior sindicato do funcionalismo de Rondônia, o Sintero, justamente o da Educação. E dos candidatos que disputam os votos dos educadores à presidência da entidade no próximo dia 3 de novembro.

Email: maraparaguassu@amazoniadagente.com.br

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